Internet Paralela - Internet Livre
“Facebook? Twitter? Se acham que é possível fazer a revolução usando essas ferramentas privadas de espionagem, estão redondamente enganados!
Isaac Wilder, cofundador
da Free Network Foundation
(FNF), tem uma proposta
diferente para os ciberativistas de plantão. Em vez de lutar contra a censura
corporativa e governamental sobre a internet,Wilder propõe a criação de uma outra internet, livre.
A reportagem é de Murilo
Roncolato e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo,
28-05-2012.
Isaac tem apenas 22 anos, já estudou Ciências da Computação
e Filosofia, mas abandonou os dois cursos para se dedicar unicamente ao seu
projeto. Após viajar para Cuba e se deparar com a dificuldade de acesso à
internet por lá, colocou para si a meta de elaborar uma estrutura de rede que
pudesse levar conexão de forma barata e segura para onde houvesse demanda.
Fora do
papel, a ideia tomou corpo em forma de uma estrutura física – uma antena de
quase três metros, chamada Freedom Tower (torre da liberdade), e um
dispositivo que funciona como roteador, servidor e armazenador de dados, o Freedom
Box. (caixa da liberdade). Quando o movimento Occupy Wall
Street ganhou força em 2011, os manifestantes precisavam de conexão
segura e rápida, 24 horas, para se comunicar com o mundo. Era a chance de Wilder.
Ele aproveitou e obteve sucesso não só em Nova York, mas no Occupy de
Austin e Los Angeles.
De
infraestrutura para protestos, a antena da internet livre deveria tomar o
mundo. Esse era e ainda é o plano. Wilder vê
à frente o mundo inteiro interligado por uma rede privada (VPN) criada
graças à presença de FreedomTowers
e Boxes espalhadas em domicílios do mundo todo.
“Em cinco
anos, a maioria das metrópoles do mundo terão porções significativas de sua
população conectada a uma rede comunitária”, prevê. “Chegamos a um ponto de
inflexão tecnológica, e este momento está finalmente chegando ao público
geral.”
Wilder acredita que sua ideia tem bastante chance de ser
difundida, principalmente por causa do baixo custo da estrutura (US$ 1.240 a
antena e US$ 100 o box) e da redução posterior de gastos com internet, já que a
rede “cidadã” tende a ser mais barata do que a conexão vendida pelas
operadoras. “Usamos o que temos à disposição para criar coisas melhores para o
futuro. O sistema atual proporciona as condições necessárias para a sua própria
obsolescência. Não é um paradoxo que usemos os equipamentos dessas empresas de
hoje – é uma estratégia.”
Segundo Wilder, há no mundo movimentos com o
mesmo propósito. “De Atenas a Berlim, de Cabul a Nairóbi. Isto só tende a se
expandir conforme as tecnologias melhoram”, acredita.
A FNF está hoje em Kansas,
no Missouri, onde fará uma grande demonstração da sua rede e sobrevivendo de
doações. A organização ganhou mais evidência quando Richard Stallman,
fundador da Free Software Foundation, passou a fazer parte do
Conselho. “Ele está empolgado em ver que uma nova geração de hackers pensando
de maneira ética sobre a tecnologia.”
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